Publicado em O LIBERAL de 31/10/2012, 1º caderno, pág. 02
- Nicias Ribeiro
- Engenheiro eletrônico
As Centrais Elétricas do Pará - Celpa - empresa concessionária dos serviços de distribuição de energia elétrica em todo o Pará e que, até hoje, está sob o controle do grupo “Rede Energia”, passa ao controle da “Equatorial Energia” a partir de amanhã, 01/11/2012, encerrando, assim, o dramático processo de “recuperação judicial” porque passou desde o início do ano. Usamos a palavra “dramático” porque, a nosso ver, a “recuperação judicial” de empresas, que substituiu o processo das antigas “concordatas”, não funciona a contento para as concessionárias de distribuição de energia, uma vez que essas empresas comercializam energia elétrica, e, ao deixarem de pagar a empresa geradora, no caso a Eletronorte, ficam inadimplentes com o setor e deixam de receber os recursos da CDE (luz para todos), RGR e outros, o que, obviamente, paralisa a empresa que, em tese, busca recuperar-se financeiramente e evitar a falência.
Daí o uso da palavra “dramático”, porque a rigor não há como recuperar nenhuma concessionária de distribuição de energia elétrica, em face da legislação específica do setor.
Seja como for, a partir de amanhã a Celpa será gerida pela sua nova controladora - a “Equatorial Energia”, a quem, obviamente, desejamos pleno sucesso e que, de imediato, acabem os recorrentes apagões de energia em Belém e em vários outros municípios do interior, notadamente em Breves e Altamira; além, é claro, da urgente regularização dos milhares de consumidores clandestinos da região metropolitana de Belém e das demais cidades do interior, que sofrem com o fenômeno das invasões urbanas. Aliás, a regularização desses consumidores é bom para a Celpa, pois evitará o desvio de energia e é bom para o consumidor clandestino que, ao regularizar-se, evita o risco de curto-circuitos e de incêndios.
Por outro lado, esperamos que a Equatorial Energia energize logo as linhas de transmissão de Portel à Bagre e de Breves à Curralinho, ambas em 34,5 Kvolt e integrantes da 1ª fase do chamado linhão do Marajó, que, aliás, estão totalmente implantadas, aguardando, apenas, o comissionamento das mesmas. E do mesmo modo sejam concluídas as obras de implantação da linha Breves-Melgaço, em 34,5 Kvolt, com apenas 35 km de extensão.
Mas, ao darmos as boas vindas à Equatorial Energia, que, para quem não sabe, é a controladora das Centrais Elétricas do Maranhão, lembramos da urgência na elaboração dos projetos executivos de construção das linhas da 2ª fase do linhão do Marajó e que atenderão os municípios de Anajás, Afuá, Chaves, Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari, Salvaterra, Soure, Ponta de Pedras, Muaná e São Sebastião da Boa Vista; ressaltando, inclusive, que a configuração original do traçado dessas linhas foi reestudada visando uma maior segurança ao sistema, no que, aliás, concordamos plenamente. Seja como for, o importante é que a 2ª fase do linhão do Marajó seja iniciada logo, até porque a linha Breves-Melgaço, pelo andamento da obra, deverá estar energizada em dezembro próximo.
Já no baixo-Amazonas, tem as linhas que serão construídas a partir da subestação de Oriximiná e que integram o sistema de transmissão Tucuruí-Manaus, que atenderão os municípios paraenses daquela região, com exceção de Almeirim que, por sua vez, receberá energia da subestação do Laranjal do Jarí, que faz parte do sistema de transmissão Tucuruí-Macapá.
Na verdade, a partir da subestação de Oriximiná serão construídas as linhas que atenderão os municípios de Oriximiná, Óbidos, Juruti, Alenquer e Monte Alegre, em 138 Kvolt. Lembrando que a linha Obidos – Juruti ao atravessar o rio Amazonas, o fará por via submersa. Já as linhas Oriximiná-Faro-Terra Santa, Óbidos-Curuá, Monte Alegre-Prainha, serão todas em 34,5 Kvolt.
No entorno de Belo Monte tem, ainda, as linhas em 138 Kvolt de Altamira à Medicilandia e de Altamira à Anapú, de onde segue para Sen. José Porfírio, Porto de Moz e Gurupá. Isto sem esquecer da urgente travessia do rio Xingu para viabilizar a energização dos 350 km de redes já construídas na gleba Assurini, em Altamira.
É isso que esperamos da Equatorial, por enquanto, além do recolhimento do ICMS devido ao Estado.